Pequim – Marcelinho admira Fofão, que, por sua vez, é fã do levantador. Fabi tem Escadinha como ídolo e o líbero diz que ela é uma guerreira. É assim o vôlei de quadra do Brasil, que fez história em Pequim ao disputar as finais de uma modalidade nas duas categorias. A harmonia entre as duas seleções, masculina e feminina, é enorme, embora uma equipe não veja a outra jogar. "Sempre que elas estão atuando, nós estamos em horário de treino. Mas a primeira coisa que fazemos é procurar por elas para saber como e quanto foi a partida." Para o levantador Marcelinho, Fofão é um exemplo. "Disputou sua quinta Olimpíada. Tem uma garra impressionante e, além do mais, é um exemplo dentro da quadra pela movimentação e pelo comando." Fofão vê no jogador da mesma posição uma coincidência. "A história dele é um pouco parecida com a minha, já que teve de esperar a oportunidade para se firmar como titular. É esforçado. Provou que não havia nenhuma razão em duvidarem dele quando o Ricardinho saiu. É um atleta de muita qualidade e tem um estilo que passa segurança." Da mesma forma que os levantadores se admiram, os líberos também não ficam atrás. Eles, aliás, são considerados os mais falantes e agitados das duas equipes. Fabi confessa que Escadinha é seu espelho. "Meu ídolo. Brinco falando isso, mas ele não acredita. Quando nos encontramos, sempre faz um monte de piadinhas. Não paro de rir. É uma maneira de jogar a gente para cima. Acho isso muito importante. Dentro de quadra, é um cara que grita, xinga. É falante e tem de ser assim. Eu também faço isso e mirei no exemplo dele. A gente sempre conversa muito e troca informações sobre situações de jogo." Escadinha também se derrete em elogios para a companheira de posição. "Não há ninguém igual. A Fabi consegue, com seu jeito agitado, jogar o time para cima e manter todo mundo ligado dentro da quadra. Ela tem aquele negócio de última esperança – quando a jogada parece perdida, surge salvando. Pena que aqui não deu para vê-la jogar, mas, com certeza, é um exemplo para mim." ESTRELATO Mas se os homens não puderam ver as atuações das meninas, ontem foi o contrário. Todas estavam no Capital Gymnasium para torcer pelos meninos contra os Estados Unidos. Lá, conheceram de perto o que é ser campeãs olímpicas, sentindo o preço da fama. Demoraram a chegar aos seus lugares. No caminho, entre o túnel da arquibancada e as cadeira, uma série interminável de autógrafos. Walewska foi a primeira a entrar e passou rápido. Quase não foi percebida. Mas aquelas mulheres altas, à exceção de Fofão e Fabi, não. Tiveram de parar e dar atenção aos fãs durante quase todo o primeiro set. Fabiana, a mais alta, foi uma das mais assediadas. "Parecia não terminar nunca. Mas acho isso legal. Agora parece que somos conhecidas, pelo menos por aqui." A meio-de-rede, inclusive, confessa não ter idéia de como será recepcionada em Belo Horizonte. Walewska, por sua vez, diz que vai direto para casa, ver os pais e os irmãos. "Estou morrendo de saudades." E o mesmo sentimento tem Sheilla: "Falei com minha avó pelo telefone, ontem. Não vejo a hora de abraçá-la". As comemorações para as campeãs parecem que não vão acabar nunca, como espera Fabi. "Estamos acordadas desde a manhã do dia do jogo, da final. Depois da partida, de receber as medalhas, formos para uma churrascaria. Foi a noite toda. Viemos direto para o jogo e, daqui, vamos para a festa de encerramento. Depois a gente descansa. Agora é hora de festejar muito, de aproveitar." Uma das jogadoras que mais sofreram vendo o jogo do masculino foi a ponteira Jacqueline, torcendo para o futuro marido, o atacante Murilo, com quem deve se casar em setembro. Treze horas antes, ela festejava o ouro, mas ontem, no mesmo ginásio, chorou a perda da medalha pelo noivo. "Eu queria muito que ele também ganhasse. Seria um dia de festa, a mais completa de todas, mas isso não aconteceu. Mas não faltará oportunidade, tenho certeza", disse, entre lágrimas. (ID) |
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